A premiação do Oscar acontece neste domingo (25) e, apesar de sempre falhar nas minhas maratonas dos indicados pela Academia (só vi 35% dos filmes listados, mas tá tudo bem), sempre me sinto no direito de palpitar sobre o evento mais importante do mercado cinematográfico americano. Para mim, por exemplo, Delroy Lindo estaria na lista de Melhor Ator Principal porDestacamento Blood (2020), dirigido por Spike Lee, e Os 7 de Chicago (2020), do Aaron Sorkin, seria esquecido completamente.
Mas – fique tranquilo – o Cinema Preto não será dedicado às minhas opiniões não solicitadas, a news de hoje fala sobre Feeling Through, indicado a Melhor Curta-Metragem em Live Action e protagonizado por Steven Prescod.
Por que assistir Feeling Through?
Feeling Through narra o encontro de Tereek, um jovem de 18 anos, e Artie, um homem surdo-cego numa noite em Nova York. A história é baseada numa experiência do próprio diretor e roteirista, Doug Roland, que viu um homem com uma placa pedindo ajuda para chegar num ponto de ônibus.
Não dá para não mencionar que o curta é um grande clichê: um jovem perdido emocionalmente e sem ter para onde ir que se depara acidentalmente com um homem mais velho que se torna o guia dessa jornada. Mas a sensibilidade com que Feeling Through trata seus personagens é tão sincera que supera a dinâmica óbvia em que eles se encontram.
Em 20 minutos, o filme nos dá dicas sobre a vida e personalidade de seus protagonistas. Enquanto Tereek tenta encontrar alguém para lhe oferecer algum tipo de alojamento em uma noite fria, Artie volta de um encontro e precisa da ajuda de um estranho para chegar em casa. Artie é interpretado por Robert Tarango, o primeiro ator surdo-cego a protagonizar um filme nos EUA.
Tereek é forçado a sair de sua zona de conforto para se comunicar e se conectar com Artie, e é essencial e impressionante que Feeling Through não apresse as etapas e processos necessários para que essa conexão aconteça sem perder ritmo e cadência.
É claro que falta imersão e certos cuidados para um mergulho na perspectiva de Artie e Tereek, mas ainda assim, o curta-metragem deixa um calorzinho no coração com uma mensagem bem óbvia: a importância da conexão e do encontro humano.
Terceiro ato
Feeling Through está disponível no Youtube.
Além do filme, é possível assistir um documentário que narra a produção, o processo de escolha do elenco e a história de Doug Roland.
Pós-crédito
Se você tiver um tempinho, no meu Substack, em Créditos Iniciais, você encontra dicas de iniciativas, listas de filmes, catálogos e bibliografia sobre cinema preto. Esse é um post que vai ser atualizado sempre, e tem um formulário lá para quem quiser adicionar algo.
E também estou no Twitter e no Letterboxd. Mas mais importante, compartilhe o Cinema Preto com os amigos, conhecidos ou bots que possam se inscrever em newsletters e gostem de cinema.
Feeling Through (2019)
Elenco principal: Steven Prescod eRobert Tarango
Direção e roteiro: Doug Roland
Roteiro: Jorge Furtado, Ana Luiza Azevedo, Giba Assis Brasil e José Pedro Goulart
Fotografia: Eugene Koh