Vampiros vs. The Bronx, horror e comédia desta sexta-feira do Cinema Preto, não é um filme sutil. Então se preparem para uma alegoria sobre como gentrificação é obviamente ruim, mas também para uma aventura em que crianças latinas e negras se tornam as heroínas e que, novamente, Method Man surge para uma participação marcante.
Por que assistir Vampiros vs. The Bronx?
Bronx, Nova York: antes de fechar o seu salão de manicure, Becky (Zoe Saldana) atende sua última cliente, uma jovem branca que acabou de se mudar para o bairro porque o aluguel estava muito caro onde morava. Do outro lado dessa história, Becky também está de mudança pois um investidor imobiliário ofereceu uma boa grana para ela deixar seu estabelecimento e mudar de vida. Porém, Becky não tem tempo de aproveitar esse dinheiro porque na mesma noite é atacada por um vampiro.
Desde a primeira cena, Vampiros vs.The Bronx deixa sua mensagem evidente: a gentrificação é um processo supremacista branco e perverso. A diferença é que a metáfora ganha vida e a gentrificação é encarnada por vampiros que se aproveitam da destruição de uma comunidade composta majoritariamente por latinos e negros onde pessoas podem desaparecer da noite para o dia e elas não se tornam notícia.
O filme, co-escrito e dirigido por Oz Rodriguez, nunca deixa essa obviedade de lado. E, infelizmente, essa característica deixa o filme incrivelmente previsível (já avisando: o plot twist é tão ridículo que nem deve ser visto como um). Mas ao investir numa mitologia vampírica clássica e naqueles que podem derrotá-los, Vampiros vs. The Bronx ganha energia e se torna uma obra que vale a pena ser assistida.
O nosso trio de heróis é liderado por Miguel (Jaden Michael), apelidado de Lil Mayor pela iniciativa e vontade em salvar a bodega do bairro, ele é o primeiro a descobrir os vampiros no bairro. Frente à ameaça, como o nerd do grupo, Luis (Gregory Diaz IV) tem a responsabilidade de informar os amigos sobre todas as possibilidades de como matar esses seres – muitas das informações extraídas de Blade (1998). Já Bobby (Gerald W. Jones III) tem a narrativa mais clichê: escolher entre seus companheiros de infância e amigos envolvidos com algum tipo de criminalidade, sob a pressão de escolher o mesmo trágico destino de seu pai.
Por fora e com menos destaque, a incrível e inteligente Rita (Coco Jones) surge como uma importante adição para o grupo, e deixa a impressão de que com mais tempo (e mais dinheiro, talvez), ela poderia ter sido melhor explorada pelo filme.
Como Miguel, Luis e Bobby não negam o chamado à aventura, Vampiros vs. The Bronx conecta facilmente o crescimento e evolução das crianças com as mudanças e dificuldades que o bairro está enfrentando. A mãe de Miguel até tenta explicar que é um “processo natural e inevitável”, mas pelo olhar infantil inocente, é importante lembrar que ver tudo que você conhece se transformando é assustador. Por isso, é excitante ver Miguel, Luis e Bobby preparados e armados para lutar contra todas essas mudanças.
Terceiro ato
Vampiros vs. The Bronx está disponível na Netflix.
Eu fiquei realmente impressionada com a presença e importância do The Kid Mero de Desus & Mero nesse filme. Eu estava esperando que ele ia fazer algumas piadas, me fazer rir um pouco, mas a atuação é real e impactante.
Pós-crédito
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Vampiros vs. The Bronx (2016)
Elenco principal: Jaden Michael, Gerald W. Jones III, Gregory Diaz IV, Sarah Gadon, The Kid Mero
Direção: Oz Rodriguez
Roteiro: Oz Rodriguez e Blaise Hemingway
Fotografia: Blake McClure